Como criar um plano de pesquisa de UX

Tempo de leitura: 5 min

Imagine começar uma viagem de férias sem ter definido o que vai fazer, sem ter buscado informações previamente sobre a disponibilidade e o custo do transporte e da acomodação e sem ter ideia de quanto dinheiro você tem disponível. A viagem de aventura certamente pode ser uma opção, mas é melhor estarmos dispostos a conviver com contratempos e incertezas, sem mencionar a possibilidade de ficarmos presos no meio do caminho por falta de dinheiro. Certamente, a maioria de nós não viaja dessa forma. Fazemos essas viagens aproveitando ao máximo dois recursos fundamentais: tempo e dinheiro. Em outras palavras, planejamento.

Um bom planejamento garante eficiência e controle em todo o processo, seja para viagens ou para a realização de um projeto. É por isso que na UX Research (UXR) planejamos e programamos as atividades a serem realizadas em projetos que visam entender os usuários ou avaliar como eles interagem com a tecnologia.

Neste artigo, explicamos como criar um plano de pesquisa de UX para obter os melhores resultados.

Por que você precisa de um plano de pesquisa de UX?

Um plano de pesquisa de UX é o documento que consolida datas, ideias e recursos para iniciar o projeto. É uma parte crucial do processo de design de produtos digitais porque nos permite corroborar os desejos e as necessidades dos usuários.

Um plano de pesquisa de UX consiste em quatro partes principais:

  • Objetivos: o que estamos pesquisando
  • Atividades: o que deve ser feito e quando
  • Linha do tempo: quanto tempo gastamos em cada etapa
  • Orçamento: quanto isso nos custa

Vamos voltar à analogia da viagem: quero fazer turismo cultural ou quero ver como vivem os habitantes locais? Quero visitar museus ou ir a bares? Tenho uma semana ou um mês? Quanto dinheiro tenho?

Em nosso caso, essa "jornada" é chamada de "Projeto UX" e, mais especificamente, é necessária:

1. definir os objetivos a serem alcançados pela pesquisa

2. Transforme os objetivos nas grandes perguntas que você está tentando responder.

3. Identificar perguntas específicas de pesquisa

4. Escolha as técnicas a serem usadas para responder a essas perguntas.

5. Determinar os recursos necessários (dinheiro, pessoal, fornecedores, logística).

6. Defina um cronograma para sua implementação (tarefa, data, pessoa responsável).

Essa estrutura de plano de pesquisa é ampla e flexível o suficiente para ser adaptada às necessidades de cada projeto e empresa. Vamos dar um passo de cada vez.

1. definir objetivos

Os objetivos gerais que queremos alcançar são a base do nosso plano. Podemos nos perguntar o que queremos saber ou quais aspectos precisamos pesquisar para nos orientar. É importante envolver todas as partes da organização que estejam de alguma forma envolvidas, pois a experiência do usuário afeta diferentes aspectos do produto. As informações produzidas anteriormente (pesquisas, registros de reclamações, comentários ou feedback de clientes em geral) e todos os dados que as partes interessadas internas podem nos fornecer são muito valiosos.
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É muito provável que, ao listá-los, encontremos um grande número de objetivos a serem cumpridos. Não vamos nos desesperar! Não é possível realizar todos eles, portanto, precisamos priorizá-los. Como regra geral, recomendamos que você consiga numerar os objetivos com os dedos de uma mão. É claro que pode haver seis ou quatro, mas dez é muito, enquanto um é consideravelmente pouco.

Podemos ver que um objetivo é sempre formulado começando com um verbo de ação no infinitivo: perguntar, saber, determinar, etc.

2. Transforme os objetivos nas grandes perguntas que você está tentando responder.

A próxima etapa na construção do nosso Plano de Pesquisa é reformular os objetivos na forma de perguntas gerais:

Atenção! As perguntas de pesquisa não devem ser respondidas com "Sim" ou "Não". Por exemplo, seria errado formular como pergunta de pesquisa "Você usaria um aplicativo para fazer viagens". Perguntas dicotômicas do tipo sim/não nos impedem de ir mais fundo para entender melhor o problema e encontrar uma solução.

3. Identificar perguntas específicas de pesquisa

Depois que a pergunta geral da pesquisa tiver sido definida, podemos passar para as perguntas específicas. Uma maneira prática de construí-las é com perguntas WH (aquelas que começam com "Wh" ou "H"):

Usando as Perguntas WH como gatilhos, podemos incorporar algumas perguntas adicionais:

Há muitas possibilidades de formular perguntas e não é necessário usar todas elas. Isso depende do objetivo geral da pesquisa e, portanto, da pergunta geral da pesquisa.

4. Escolha as técnicas a serem usadas para responder a essas perguntas.

Metodologias:

É essencial escolher metodologias e técnicas de acordo com nossos objetivos e possibilidades. A qualitativa é exploratória: permite descobrir os motivos (por exemplo, o que leva uma pessoa a fazer download de um aplicativo), enquanto a quantitativa é descritiva (pode indicar a frequência de uso). Apesar de sua utilidade, ambas têm certas limitações. Em resposta a essa situação, existe um recurso chamado Triangulação que consiste em aplicar várias técnicas a um problema em estudo para obter maior credibilidade. Por meio desse método, podemos analisar o mesmo fenômeno de diferentes pontos de vista. Por exemplo, se na análise do aplicativo de viagens descobrirmos poucos usos depois de baixá-lo, podemos recorrer a outra perspectiva realizando entrevistas com os usuários para entender os motivos desse comportamento.

Técnicas:

Cada metodologia propõe um conjunto de técnicas. Dedicaremos outro artigo para identificar quais técnicas são mais adequadas, dependendo do estágio do projeto em que nos encontramos e do objetivo que temos. Em termos gerais, isso pode ter a ver com conhecer melhor o usuário ou entender como o usuário interage com a interface.

Mas antes de selecionar as técnicas, precisamos decidir sobre as fontes de dados que usaremos.

Fontes primárias: Dados intencionalmente autogerados. Por exemplo, uma entrevista.

Fontes secundárias: dados que já estão disponíveis e só precisam ser analisados e transformados em informações. Por exemplo, registro de reclamações.

5. Determinar os recursos necessários

Durante todo o processo, tenha em mente o orçamento disponível para realizar as operações e pense na logística da pesquisa (entrevistas, local, requisitos, etc.) para evitar imprevistos ou perda de tempo. Além disso, é importante que todas as pessoas envolvidas participem do projeto para garantir a obtenção de todos os dados de que precisamos.

6. Defina um cronograma para sua implementação.

A criação de um cronograma de atividades permite a simplificação dos recursos, bem como uma visualização geral do projeto. Também facilita a preparação dos materiais necessários e mais espaço para ação em caso de qualquer eventualidade, e ajudará toda a equipe a se comunicar e a ter clareza sobre o prazo de cada objetivo. Por último, mas não menos importante, não se trata apenas de o quê e quando, mas também de quem, pois sem uma pessoa responsável formalmente designada, é muito provável que as coisas não aconteçam.

O Plano de Pesquisa não é escrito em mármore

Um plano não é um instrumento rígido, mas sim o oposto. Se uma variável mudar, posso reconfigurar as outras com mais facilidade. Vejamos alguns exemplos típicos: temos menos dinheiro ou menos tempo do que o desejado: teremos de ajustar o conjunto de técnicas a serem usadas e a programação do projeto, e o escopo ou, em outras palavras, os objetivos da pesquisa provavelmente serão afetados. Mas será um ajuste ordenado, sempre otimizando o uso dos recursos de forma racional.

Em conclusão

A viagem de aventura não é a melhor coisa a se fazer quando outras pessoas dependem de nossas decisões. O planejamento de atividades de pesquisa não é uma perda de tempo. Pelo contrário, é uma maneira de garantir um processo controlado, eficaz e eficiente.

Com a construção de um Plano de Pesquisa, podemos ter clareza sobre os objetivos que desejamos atingir e as técnicas e metodologias necessárias para alcançá-los, a fim de garantir a otimização de nossos (poucos ou muitos) recursos e, assim, garantir os melhores resultados possíveis.

Por
Eduardo Laveglia
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